quinta-feira, 6 de maio de 2010

Os personagens: do roteiro à vida

É normal que os atores necessitem de muita concentração. Principalmente quando há cenas dramáticas, que envolvem emoções fortes, é importante preservá-lo para que possa mergulhar no personagem.



Daniel Dias sendo maquiado (ou será que já é Raul?). (foto: Soraya Ramalho)

No camarim, onde é feita a maquiagem, procura-se criar uma ilha de tranquilidade. Nos últimos dias, deu para sentir até um cheirinho de incenso , o que ficou explicado: Via Negromonte é professora de yoga (dakshina tantra yoga) no Rio de Janeiro.




Ruth (Via Negromonte) e Raul (Daniel Dias): a relação mãe-filho foi o grande tema do dia. (foto: Soraya Ramalho)

Já no set, pode ser necessário repetir diversas vezes a mesma cena e o ator vai ser muito exigido para representá-la, a cada momento, como se fosse a primeira vez. E ainda, se no teatro a história é encenada de uma só vez, do início ao fim, no cinema a filmagem não obedece a ordem do roteiro, precisando se adequar à disponibilidade de locações e atores.




Não é uma agulha, é mais um detalhe na maquiagem! (mas... é Raul ou Daniel Dias?). (foto: Soraya Ramalho)

Perguntei a Daniel como é isso de “ligar” e “desligar” determinada emoção. E ele me esclareceu que, a cada cena, o ator precisa ter consciência do personagem como um todo e de como e onde aquele momento se encaixa no roteiro. Assim, é preciso estar com o texto todo bem memorizado e claro.



Raul (Daniel Dias) e Ruth (Via Negromonte). (foto: Soraya Ramalho)


Herson Capri usa o termo “estudo” para se referir a esse processo. Ele considera que a concentração começa na primeira leitura do texto e, até, na decisão de aceitar o trabalho ou não. “O estudo começa a partir daí, em perceber todo esse universo do personagem, como é sua relação com a família, o que ele pensa. Depois, em repassar o texto com um colega e mais...” Para Herson, quanto maior o estudo, maior a profundidade da concentração (mas ele faz a ressalva de que para alguns atores a lógica é inversa: quanto menos concentrados, melhor se saem na cena).



Mário (Herson Capri). (foto: Soraya Ramalho)

Hoje, as cenas rodadas foram novamente de forte carga dramática e a equipe sentiu pairando no ar a emoção que envolve a personagem Ruth (Via Negromonte).


A diretora de fotografia Carina Sanginitto, o câmera Zé Bob, o diretor Halder Gomes e o microfonista Fábio. (foto: Soraya Ramalho)

Via Negromonte explica que, para a concentração, há “infinitas ferramentas e técnicas de abordagem, tanto no teatro quanto no cinema”. Conta que, ontem mesmo, no final do dia, a última cena da qual participou era a primeira a constar no roteiro.


Raul (Daniel Dias) e Ruth (Via Negromonte). (foto: Soraya Ramalho)


Para lidar com toda essa fragmentação, a atriz diz que é preciso manter o veio da história e a linha das emoções, lembrar em que estágio se estava na cena anterior (ou posterior), para alcançar novamente aquele ponto.


Ruth (Via Negromonte). (foto: Soraya Ramalho)


Aliás, Via Montenegro é também terapeuta e cantora (está lançando um cd de mantras). E diz que desistiu de dar a cada uma dessas diversas áreas da sua vida um peso determinado, deixando que todas fluam em harmonia, pois “o universo conspira e tudo é uma coisa só”.


E agora, onde será que vai o Raul (Daniel Dias)? (foto: Soraya Ramalho)



(Texto: Valéria Dallegrave)

Um comentário:

  1. Parabéns pelo belo trabalho, a todos vocês d"As mães de Chico Xavier" e ao meu querido amigo Daniel!

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