'As Mães de Chico' não é um filme espírita, diz diretor durante coletiva em SP

Terra - Três mulheres têm entes queridos arrancados de suas vidas abruptamente. Sem saber como reagir diante da perda, elas dividem, mesmo que à distância, a dificuldade de seguir adiante e, acima de tudo, a necessidade de obter respostas. Esse é o fio condutor de As Mães de Chico Xavier, longa dirigido pelos cearenses Glauber Filho e Halder Gomes e produzido pela Estação Luz Filmes - a mesma que coproduziu Chico Xavier, de Daniel Filho.

Durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (18), diretores, produtor e elenco falaram sobre a realização do filme e dos estigmas que o cercam.

"Sem dúvida, fazer esse filme foi o maior desafio da produtora até agora. É uma história muito forte, emocionante, e contada por um elenco extremamente talentoso e generoso", afirmou o produtor Leonardo Leal.

O longa, baseado em histórias reais e inspirado no livro Por Trás do Véu de Isis, de Marcel Souto Maior, será lançado simultaneamente em 400 salas de cinema de todo o Brasil e distribuído pela Paris Filmes. "As Mães de Chico não é um filme espírita, ele trata da espiritualidade de modo geral, sem se atrelar à religião", explicou Glauber Filho.

Quando questionada sobre a semelhança entre As Mães de Chico Xavier e seu antecessor, Chico Xavier, a equipe já tem a resposta pronta. "Nosso filme traz vários diferenciais. Primeiro, há a inclusão de depoimentos reais ao longo da narrativa, o que dá uma característica documental à obra. Em segundo lugar, nós adotamos o ponto de vista das mães que procuram Chico. Enfim, é uma abordagem diferente do mesmo tema", afirmou a atriz Vanessa Gerbelli, intérprete da personagem Elisa.

Gerbelli, ao lado de Via Negromonte e Tainá Muller, compõe o trio das tais mães citadas acima, que encontram nas cartas psicografadas por Chico a chance de voltar à vida.

As três atrizes, assim como todo o elenco principal - composto por Nelson Xavier, Caio Blat, Herson Capri, Neusa Borges, Gustavo Falcão e Paulo Goulart Filho -, foram escolhidas e convidadas pessoalmente pelos diretores.

O pequeno Gabriel Pontes, que interpreta o personagem Theo, foi descoberto durantes testes de elenco, em São Paulo. "Assim que viu o teste de Gabriel, Glauber disse que ele era um ator nato", contou a mãe do menino, Cláudia Pharia.

Com exceção de Paulo Goulart Filho, nenhum dos atores se declara abertamente espírita. "Acho que todos nós somos simpatizantes do espiritismo. Mais do que uma religião, é um estilo de vida, de lidar com o próximo e de praticar o bem", disse Caio Blat, que interpreta o jornalista Karl.

À primeira vista, pode soar estranho que Nelson Xavier, que representou Chico Xavier com incrível semelhança no longa homônimo, tenha repetido o feito em As Mães de Chico Xavier.

"Tive medo de convidar Nelson e soar repetitivo, mas logo vi que esse era um pensamento tolo. Chico não poderia ser outro além de Nelson. E, para completar, ele trouxe uma interpretação totalmente diferente, parece outro personagem", contou Glauber. As filmagens do longa aconteceram nos meses de abril e maio de 2010, nas cidades cearenses de Fortaleza, Guaramiranga, Pacatuba e na mineira Pedro Leopoldo, cidade natal de Chico.

"Foi um prazer enorme fazer esse filme, um privilégio. Inicialmente, tive medo de que se tratasse de um filme unicamente religioso e doutrinário, mas, ao ler o roteiro, vi o quanto o tema era universal. Todos os públicos vão se identificar com a história dessas mulheres, uma história de perdas e esperança", disse Via.

Após a boa receptividade do público na pré-estreia do longa, realizada em Porto Alegre, a produtora planeja lançá-lo em outros países. "Pretendemos incluí-lo no Festival Brasileiro de Los Angeles e, depois, seguir caminho no cenário internacional. O filme tem potencial, principalmente porque não se apega apenas à religião", comentou Leonardo Leal.

A estreia de As Mães de Chico Xavier acontecerá no dia 1º de abril, marcando o encerramento das comemorações pelo centenário de Chico Xavier.