segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"A nova onda transcendental", traz o jornal potiguar Tribuna do Norte


Yuno Silva - É sempre difícil tratar de temas como aborto, suicídio, consumo de drogas e violência urbana nas telas de cinema sem esbarrar no lugar comum da negatividade. Que dirá sair ileso e reconfortado após um filme que aborde todos esses assuntos de uma vez! Esse é um dos desafios travados pelo longa “As Mães de Chico Xavier”: reconfortar o espectador com lições de esperança e superação.

O filme entra em cartaz em circuito nacional no próximo dia 1º de abril, mas o público natalense poderá conferir sua pré-estreia dia 24 de março no Cinemark Midway com presença de parte do elenco, dos diretores e do escritor Marcel Souto Maior, autor do livro “Por Trás do Véu de Isis” (2004) que inspirou a película. Além de Natal, outros 19 municípios receberão a avant-première, incluindo São Leopoldo (MG), cidade natal do personagem principal.

Na esteira dos sucessos “Chico Xavier”, cinebiografia dirigida por Daniel Filho, e “Nosso Lar”, de Wagner de Assis, ambos lançados em 2010, “As mães de Chico Xavier” estreia em cerca de 400 salas de cinema – verdadeiro feito para uma produção nacional.

Com direção compartilhada dos cineastas cearenses Glauber Filho e Halder Gomes, o lançamento do filme também marca o encerramento das comemorações em torno do centenário de nascimento do médium mais famoso do país.

“Para quem pensa que o cinema transcendental é apenas uma onda passageira se engana, é um novo gênero que veio para ficar e o Brasil é pioneiro”, afirmou o produtor Luis Eduardo Girão, que esteve na redação da TRIBUNA DO NORTE na manhã de ontem divulgando o filme. “O saldo positivo de títulos literários do gênero nas bienais e livrarias, demonstra o potencial desse tipo de filme”, garante. “As previsões são as melhores possíveis”, diz o produtor, lembrando que o ciclo de cinema transcendental começou com o documentário cearense “Bezerra de Menezes – O diário de um espírito” (2008), com Carlos Vereza no papel principal.

“O próprio filme ‘Chico Xavier’ foi desengavetado após o êxito deste documentário (Bezerra de Menezes). Daniel Filho já tinha esse projeto formatado há oito anos”, disse.

Segundo Girão, nas sessões de teste o filme foi muito bem recebido pelo público: “primeiro por não enaltecer a Doutrina Espírita; segundo por passar uma mensagem positiva capaz de fazer as pessoas refletirem sobre a valorização das relações, e do viver o agora da melhor maneira possível. As pessoas querem boas notícias, querem esperança”, aposta. Ele explicou que pessoas de várias religiões foram convidadas para participar da sessão, “que contou, inclusive, com ateus”.

Para termos uma referência do que o termo transcendental significa, podemos traduzir o conceito como algo que ultrapassa a explicação e a lógica formal da ciência. “Transcende além da matéria; faz reflexão sobre vida após a morte; fala de reencarnação”, complementa o produtor.

Filme é baseado em histórias reais

Realizado pela produtora Estação Luz Filmes, com distribuição da Paris Filmes e apoio promocional da Globo Filmes e Telecine, “As mães de Chico Xavier” é baseado em fatos reais e conta a história do encontro entre o médium – interpretado por Nelson Xavier – e três mães que passavam por momentos difíceis na vida: a primeira delas, Ruth, interpretada pela atriz Via Negromonte, convive com um filho viciado em drogas; já Elisa (Vanessa Gerbelli), tenta superar com o marido a perda do filho; e Lara (Tainá Muller), uma professora que enfrenta o dilema de uma gravidez não planejada.

Suas histórias se cruzam quando elas recebem conforto e reencontram a esperança de vida através do contato mantido com Chico Xavier (1910-2002) - vêem sua realidade se transformar repentinamente.

Além de Nelson Xavier, que volta a viver o personagem, e das atrizes citadas acima, o filme ainda traz no elenco os atores Caio Blat e Herson Capri. Rodado quase que na íntegra no estado do Ceará, nas cidades de Guaramiranga, Pacatuba e Fortaleza, a produção foi concluída em São Leopoldo, Minas Gerais.

Antes da estreia nacional, o filme participará de um Festival e uma Mostra: dia 24 de março, o longa abrirá o I Festival de Cinema Transcendental, em Brasília (DF); e dia 31 de março, véspera da estréia em circuito nacional, “As mães de Chico Xavier” encerra a Mostra de Cinema Transcendental, em Fortaleza.

A música do paraibano Sibélius Donato

Um detalhe curioso sobre o filme está na trilha sonora, cuja direção musical é assinada por Flávio Venturini. É a presença do pianista paraibano Sibélius Donato Tenório, identificado por Chico Xavier ainda criança como a reencarnação do músico finlandês Johann Julius Christian Sibélius (1865-1957) - o nome “Sibélius” foi homenagem do pai ao compositor erudito.

Vale salientar que aos três anos e oito meses o Sibélius de Campina Grande não falava nem andava, apenas se arrastava pelo chão de costas. Aos quatro anos surpreendeu sua família quando começou a brincar com o piano de seu pai e passou a tocar sem nunca ter estudado música. Aos cinco anos compôs sua primeira música e aos sete anos foi para um conservatório aprimorar sua técnica, mas saiu de lá sem aprender muito coisa justamente por estar acima da média. Após reportagem no programa Fantástico (Rede Globo) em 1986, Sibélius ficou conhecido nacionalmente e passou a ser considerado um dos maiores meninos prodígios do mundo. Atualmente com 38 anos, coleciona cerca de 400 composições.

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